quarta-feira, 16 de março de 2011

Tragédia no Japão

“Estou preocupado. Tenho muitos amigos lá”

Zé Carlos Espoleta, pousoalegrense que viveu 15 anos no Japão, não consegue contato com amigos e a preocupação aumenta a cada dia


Em qualquer caso de tragédia, cada minuto parece uma eternidade para os amigos e familiares que aguardam, angustiados, qualquer contato de alguém que pode ter sido vítima de eventos naturais, como o terremoto e o tsunami que atingiram o Japão na madrugada da última sexta-feira (11). Nascido em Pouso Alegre, José Carlos do Nascimento, o Zé Carlos Espoleta, morou no Japão por mais de 15 anos e nesse período fez muito amigos, quando atuou pelo Tokyo Gás FC e comandou Kajitsu FC.

Agora, de volta a sua cidade natal, Zé Carlos gostaria apenas de ouvir uma simples frase dos seus amigos que por lá ficaram: “estamos todos bem". Até o momento, um dos poucos amigos que o pousoalegrense ainda não conseguiu contato foi o treinador de futebol Jeronymo Vasques, que reside em Yamagata, região atingida pelas águas do tsunami. “Estou preocupado. Tenho muitos amigos no Japão. Infelizmente está tudo paralisado e nós podemos acompanhar somente pela televisão as dificuldades que todos estão passando”, lamenta.

Durante os anos em que viveu no Japão, Zé Carlos Espoleta sentiu de perto os fortes tremores causados pelos terremotos, mas nenhum chegou perto da intensidade da tragédia de sexta-feira. “Minha primeira experiência foi em 1990, quando defendia a equipe do Tokyo FC. Fiquei por lá dois anos e pude sentir e aprender como conviver com estes momentos. Toda semana tínhamos abalos e tremores na cidade de Tóquio”. Ele diz ainda, que no período em que esteve lá nunca viu um Tsunami, mas na região em que morava aconteciam vários tufões.

José Carlos acredita que mesmo o Japão estando em uma situação muito difícil, ele é um país desenvolvido e sabe lidar com situações de risco. “Nós que moramos aqui não temos a dimensão exata de como eles convivem com essas catástrofes naturais, mas posso dizer que o povo japonês é muito organizado e o governo procura dar todo auxílio e também procura ensinar as crianças e aos adultos como lidar com um acidente natural”, comenta.

O treinador de futebol diz ainda que quando residia no Japão sempre se ouvia dizer, que um ''grande terremoto'' poderia acontecer, o que viria provocar um tsunami. E por conta dessa ameaça, que se concretizou na última semana, o governo japonês já vinha se preparando, construindo muros de proteção em torno de algumas cidades. “Lembro que eles falavam do tal grande terremoto, que iria acontecer entre os Estados Unidos e o Japão. Isso fez com que o povo japonês já ficasse em alerta e se preparasse para esse momento”.

Assim como para o resto do mundo, os dias de Zé Carlos são de agonia. O sentimento é de quem viveu parte da vida no Japão e por lá fez centenas de amigos. “O povo japonês é maravilhoso e solidário. Muitos acham que é um povo frio, mas eu recebi todo carinho e apoio e posso dizer que é um povo vencedor, porque desde a Segunda Guerra Mundial, onde eles sofreram com a bomba atômica jogada sobre Hiroshima e Nakasaki, deram a volta por cima e procuraram sempre dignificar e vencer as dificuldades”.

Zé Carlos espera voltar ao Japão para ajudar os amigos como forma de agradecimento e solidariedade. Além disso, o pousoalegrense está se empenhando para entrar em contato com os brasileiros que moram no outro lado do mundo e assim poder tranqüilizar as famílias dos amigos aqui no Brasil. “A todos os japoneses que estão aqui no Brasil e quem tem familiares lá, estou fazendo orações e tenho certeza que nosso bom Deus vai abençoar e proteger a todos”, conclui.

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