Secretário de Esportes propõe repassar administração do Manduzão ao PAFC
Sob o sol ardido e o ar seco do final do inverno, funcionários da prefeitura se empenham para reforçar o alambrado do Estádio Municipal Irmão Gino Maria Rossi, o Manduzão. O paliativo atende a um pedido da Polícia Militar e é um dos requisitos para que o gramado amarelado do estádio receba nos próximos dias jogos da Segundona do mineiro.
Mas se no campo o espaço será ocupado pelo mesmo número de jogadores que há treze anos davam o ponta-pé inicial da primeira partida no Manduzão, na arquibancada apenas mil espectadores poderão acompanhar as partidas da Segundona. O recorde de público do estádio foi registrado em 1997: 19 mil pagantes. A pequena ocupação se dará porque apenas a área coberta será liberada, o restante da arquibancada será isolado por portões. O secretário de Esportes Paulo da Pinta explica que, por ora, a liberação para mil pessoas deve atender a demanda de espectadores que, segundo ele, dificilmente supera este número.
Solução definitiva
O secretário, entretanto, reconhece que a prefeitura faz apenas uma readequação do estádio para liberá-lo. Continua sem dinheiro em caixa para sua manutenção e busca ainda uma saída sustentável para não só revitalizá-lo, mas dar um fim útil à sua estrutura que só faria sentido se a cidade dispusesse de um clube de futebol tradicional em atividade, que atraísse investidores interessados em ajudar na manutenção do estádio.
É nesse ponto que o secretário sugere uma saída aparentemente viável: repassar a administração do Manduzão ao Pouso Alegre Futebol Clube. Afinal de contas, segundo ele, o clube tem tradição e é aclamado pela população. Para Paulo da Pinta seria o único time de futebol da cidade capaz de empolgar e criar o ambiente propício para que o estádio deixe de ser um elefante branco e passe a abrigar o clube eleito pelos moradores para representar a cidade. Além disso, lembra Paulo, o clube carrega o nome da cidade, o que ajuda a atrair empresas interessadas em investir.
Proposta
A proposta do secretário é simples. O Pouso Alegre doaria o tderreno que abriga hoje seu campo de futebol, às margens da Rua Comendador José Garcia, ao Hospital das Clínicas Samuel Libânio (HCSL), que o utilizaria para ampliar suas instalações já que seu prédio fica próximo ao campo, e o governo do Estado – a quem a doação beneficiaria, como contrapartida, custearia a reforma do estádio, estimada em cerca de R$ 2 milhões.
Apesar de alguns interstícios, a equação parece funcional, mas o secretário alega que os planos esbarram em uma barreira difícil de ser rompida: a diretoria do Clube seria muito fechada, dificultando qualquer tipo de diálogo. De acordo com Paulo, até mesmo o processo de eleição para a diretoria do clube seria vedado. Para o secretário o clube que está prestes a completar 100 anos mantém uma diretoria ineficaz. Para que o projeto dê certo, ainda segundo ele, seria necessário que a diretoria fosse preenchida com pessoas influentes, comprometidas com o futebol do clube.
Tradição
Fundado em 1913, o Pouso Alegre Futebol Clube é o time mais tradicional da cidade. A equipe já conquistou Campeonato Amador do Estado de Minas Gerais e chegou a disputar primeira divisão do Mineiro entre o final da década de 1980 e início de 1990, quando conquistou sua melhor colocação na disputa: um quinto lugar.
Com dificuldade de manter o elenco supervalorizado o time foi se desfazendo. E em 1992, despediu-se da elite do futebol mineiro. O PAFC ainda disputou o Módulo II do Campeonato Mineiro até 1998, quando se licenciou da Federação Mineira de Futebol. O Dragão, como é conhecido pelos seus torcedores, retornou aos gramados no ano passado para disputar a Segundona.Este ano, no entanto, o clube não disputa a competição.
Outras soluções
Caso a solução, vista pelo secretário como a ideal não vingue, a única saída para que o Manduzão deixe de ser um elefante branco e sua estrutura não se deteriore, seria a firmação de parcerias com a iniciativa privada. Para o secretário, é importante aproveitar a janela de oportunidades que se abre com a proximidade da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas.
Qualquer que seja o projeto, sua sustentabilidade terá que ser bem avaliada, já que, de acordo com o secretário, a manutenção do estádio é dispendiosa. Somente para vigiá-lo de vândalos e impedir que episódios como o roubo de centenas de metros de sua fiação elétrica volte a ocorrer, seria necessário um investimento com o qual hoje a prefeitura não tem condições de arcar, apenas um vigia da guarda-municipal é deslocado para o trabalho. No caso de o estádio ser revitalizado, a contratação de uma empresa particular de segurança seria inevitável.
Nenhuma proposta
O vice-presidente do Pouso Alegre, Maurício Chaves, negou que a prefeitura ou a Secretaria de Esportes tenha mantido qualquer aproximação ou contato para propor ao clube que passe a administrar o Manduzão. Apesar disso, Maurício disse que caso a proposta seja feita formalmente, acredita que seu pai e presidente do clube, José Chaves, no mínimo sentaria para dialogar com a administração. Ainda assim, o vice-presidente reforça sua descrença na existência da proposta. “Somos amigos pessoais do prefeito, se houvesse qualquer proposta ele teria nos comunicado”, sustenta.
Maurício disse ainda que seu pai está em viagem e que somente retorna depois do feriado de 7 de setembro. Só então o clube se pronunciará a respeito do tema de forma oficial. Maurício, no entanto, negou que haja qualquer veto na diretoria do clube ao diálogo com quem quer que seja. Quanto ao acesso às eleições para a diretoria do PAFC, ele explicou que as eleições são abertas, mas “para se candidatar a qualquer cargo eletivo a pessoa precisa preencher determinados requisitos”.
Fonte: Adevanir Vaz/ Jornal do Estado
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