sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Promessa com jeito de realidade

Cristiano Felício surge como uma das principais revelações do basquete brasileiro e, depois da primeira experiência na Seleção, pode ter chance em Londres



Minutos depois de a Seleção Brasileira Masculina de Basquete ser eliminada do Pan-Americano de Guadalajara, em outubro, ainda na primeira fase, o técnico argentino Rubén Magnano chamou o pivô Cristiano Felício para uma conversa reservada. Disse ao jogador de apenas 19 anos, que disputava a primeira competição no time adulto, que ele precisava ficar mais forte, trabalhar a parte física, sem perder a agilidade, para ser temido pelos adversários.

Cristiano ouviu o conselho e desponta como uma das principais esperanças para o garrafão da Seleção, que volta aos Jogos Olímpicos depois de 16 anos. Nesta semana foi destaque do site da Federação Internacional de Basquete (Fiba), na matéria “Uma estrela em crescimento”, que chamou a atenção para a evolução do atleta. A entidade máxima do basquete destacou que “esta (Olimpíada) parece muito cedo para Cristiano, mas não aposte contra ele como parte da equipe quando o Brasil for sede dos Jogos Olímpicos de 2016”.

Nascido em Pouso Alegre, Cristiano chegou ao Minas em 2009, depois de um ano e meio treinando em Jacareí, interior paulista. Com os técnicos Flávio Davis e Raul Togni Filho como mentores, evoluiu bastante em dois anos e, presença constante nas seleções de base, foi uma das surpresas do Mundial Sub-19, disputado na Letônia, ao lado de outros dois minas-tenistas: Bruno e Raulzinho, vendido no meio da última temporada ao basquete espanhol. “É um jogador que treina muito duro e que realmente ouve o que nós orientamos”, elogiou Raul.

Cristiano chegou como desconhecido ao Mundial, ganhou espaço e terminou o mundial com a média de 9,5 pontos e 7,1 rebotes em 19 minutos em quadra por jogo. “Foi a maior experiência da minha vida. Foi um desafio jogar fora e conquistar meu espaço”, conta o jogador, que embarcou para o Leste Europeu após perder o pai, Agnelo Oliveira Felício, pouco antes, de problema cardíaco.

Na Letônia, Cristiano e os demais atletas foram observados por Magnano. “Ele acompanhou nossa fase de treino em São Sebastião do Paraíso e sempre conversava com os jogadores. Depois, assistiu nossas primeiras partidas lá, sempre como muita atenção”, conta o pivô. A Seleção ficou em nono no Mundial.

A lista

Assim que chegou ao Minas, Cristiano teve a chance de dividir o garrafão nos treinos com o pivô que tem como referência no país: Murilo, bicampeão Pan-Americano, hoje no São José. No basquete mundial, seu ídolo é o ala-pivô Kevin Garnett, um dos melhores jogadores em atividade na liga profissional norte-americana de basquete (NBA). Cristiano tem características semelhantes a de Garnett, hoje no Boston Celtics: é magro, ágil e trabalha bem na defesa.

Segredo guardado a sete chaves até junho, a lista dos selecionados pelo técnico Rubén Magnano é aguardada com bastante expectativa. O principal impasse está na convocação dos atletas que jogam na NBA e que não participaram do vice-campeonato do Pré-Olímpico de Mar del Plata, em setembro: o armador Leandrinho e os pivôs Anderson Varejão e Nenê.

Embora prefira despistar sobre a possibilidade de jogar em Londres, Cristiano pode pintar como surpresa na lista. Com Thiago Splitter atuando como pivô de força, ele aparece como opção na posição 4, como reserva de Guilherme Giovannoni. Disputa vaga com Douglas Nunes (Bauru) e Augusto César (Unicaja-ESP). A predileção de Magnano por jogadores jovens e a possibilidade de preparar jogadores para o Rio em 2016 pesam a favor de Cristiano. “Olimpíada é um sonho. Tenho que esperar, ter concentração e treinar muito”.

Com informações do Super Esportes

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